A Cultura, e todos os seus agentes (artistas, criadores, profissionais, organizações, dentre outros), consegue, de forma criativa e colaborativa, promover o bem-estar das comunidades, garantir o acesso à informação, à tomada de consciência e à possibilidade de imaginar futuros possíveis. Isso porque está centrada nas pessoas, na preservação de bens materiais e imateriais e na prosperidade do planeta.
Não por acaso, em 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou o Cultura 2030, documento desenvolvido ao longo de dois anos com contribuições de vários especialistas e incluindo indicadores quantitativos e qualitativos que mostra como a Cultura é transversal a 14 dos 17 dos ODS.
Alguns estudiosos, contudo, interpretam que os três objetivos excluídos (Erradicação da Pobreza, Saúde e Bem Estar e Energia Limpa e Acessível) também estão profundamente ligados ao conceito de Cultura. Logo, ela atenderia a todos os requisitos propostos pela Agenda 2030.
Na prática, o documento classifica a Cultura em quatro dimensões e 22 indicadores para mostrar que os projetos/iniciativas estão alinhados ao desenvolvimento sustentável. São elas:
- Ambiente e resiliência: primordialmente voltado para iniciativas realizadas no ambiente urbano;
- Prosperidade e recursos: com foco em economia inclusiva;
- Conhecimento e competências: desenvolvimento educacional de forma multidimensional;
- Inclusão e participação: democracia e cooperação
O mercado sempre encarou a Cultura como produto e possibilidade de conseguir isenção fiscal, seja por meio de leis de incentivo ou pela prática do mecenato. Ambas as iniciativas foram (e são) usadas de maneira bastante controversa, é importante pontuar, e tornaram o setor cultural refém de um sistema (afinal, sem recursos, não há como desenvolver iniciativas culturais).
Atualizar essa perspectiva é algo importante para ambos os lados. Do ponto de vista das empresas, a Cultura tem a capacidade de ajudá-las a atenderem as demandas dos seus investidores, ganhar notoriedade, reverberar o branding e fortalecer os laços com colaboradores, consumidores e parceiros.
Já na perspectiva cultural, a mudança de paradigma oferece a oportunidade do setor receber mais investimentos por meio das leis de incentivo, estabelecendo um diálogo mais consistente com o setor privado. Nesta troca, ganham as empresas, o setor e a sociedade, com a possibilidade de elaborar novas realidades..